sábado, 27 de fevereiro de 2016

Por uma Educação Negra


Por uma Educação Negra


Muitas vezes durante o percurso depois de adultos e formados, nos deparamos com o fato de que a formação educacional em geral independente da aplicação da lei 10.639 não dá conta da demanda. Somos educados diariamente para servir o sistema. Esse sistema tem além das complexidades obvias da sobrevivência uma cor. A cor não é Negra, a não ser que o Negro se encaixe em algum padrão que possa gerar lucro, pois o capital a tudo se adequa inclusive ao Black Power caso ele possa servir ao sistema.  Pensando pra além do fato obvio que somos um país desigual e racista onde a democracia racial é um mito pra vender cerveja ou novelas, há algo de extrema urgência ao pensar os passos futuros da luta por Brasil menos desigual. Partamos do início: a educação de base. Crianças brancas são educadas como  brancas e isso não afeta a autoestima relacionada a sua branquitute, se o mesmo se aplicasse em relação as crianças negras o ponto de partida seria menos desigual ao sermos educados de forma consciente sobre nossa Negritude. Para quem acredita que isso seria uma espécie de binarização e um Apartheid social... Tenho uma péssima notícia: Ele já existe! É só olhar com atenção! 

Somos um povo em constante formação, mas a nossa formação também passa pela mídia que por sua vez serve ao capital, às grandes corporações, aos Trumps da vida que realmente governam o mundo e que estão pouco se lixando para o que acontece com os negros sulamericanos, pois bem sabemos que a "carne mais barata do mercado é a carne negra" e continua sendo, ainda mais no Brasil. 

A formação do nosso povo tem que vir também dos nossos semelhantes, pois a identificação se relaciona em muito com a autoestima e para se ter o mínimo de identificação temos que enxergar o que gostaríamos de ser, e como nem todos podemos ser Beyoncé sejamos pelo menos conscientes de que estamos em desvantagem e não será sem iniciativas a nosso favor que mudaremos o quadro. Sejamos francos! Desse lado dos trópicos se não investirmos numa educação negra sempre estaremos a mercê da desigualdade. Seremos sempre  uns Negros querendo algum espaço no mundo dos Brancos. É plenamente favorável adesão dos que não são negros na luta, mas temos que ter em mente que da mesma forma que héteros não devem definir e protagonizar a luta LGBT, homens não devem definir e protagonizar a luta das mulheres, brancos não devem definir e protagonizar o que é nossa obrigação e nossa luta.





Marcos Aganju
Musico , Pedagogo e Pesquisador

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